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Mostrando postagens de dezembro, 2013

Canto da Compaixão

“Oh, morte! Tu que és tão forte”, deixe-me terminar um soneto antes que possa me levar depois do ultimo gole de conhaque. Poesia arquitetada do vínculo carnal de uma jovem que a muito sua foice ceifou dos meus braços. Permita que a ode dessa flor seja entoada em sua homenagem. Pintarei este poema dos sons graciosos das noites que fizeram singulares minha embriaguez em sua fonte inesgotável de fel. Preciso de tempo, preciso que a garrafa não acabe, que a poesia seja concluída antes que você, morte, me procure para ser seu par, numa dança metafísica pelo universo desconhecido. * “Oh, morte! Tu que és tão forte”, permita-se ler minhas confissões para talvez me deixar terminar meu maior erro – a poesia, pois me carregará em seu barco sem a companhia de Dante para poder me calar ao lado de minha amada.

Tempos Difíceis São Cantados

                            “Há muitas maneiras de se ter o blues. Tempos difíceis te dão o blues." A vida é se jogar de um parapeito sobre um copo d’água para sentir o tamanho do frescor do pomo da discórdia. O mundo parido em infinito vazio. Mas a encruzilhada cheira à vida, os espíritos se atravessam e surgem nas sombras com gaitas e violões. Uma dama se destaca como rainha dos condenados, de cantos agudos, “Come on and baby, baby”, soltando seu blues enquanto palmas ritmadas acompanham as batidas dos corações. E a força das negras reparte esse pomo maldito. Competem com o mais infinito barulho do vazio. Agora chove na encruzilhada, não há mais vida seca, o chão é sem dono, voar sem paraquedas, porque todos dançam, todos sentem, é da rainha que surge o blues da dor do infinito, do que não pode ser dito, a quem não foi chorado. Ali, na encruzilhada as almas se cruzam e o blues é livre.    A ninfa frenética se joga, se abandona. Reconhece que seu corpo já não mais