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Mostrando postagens de setembro 22, 2013

Do dia que há muito não percebia

                                                                 Só o silêncio faz rumor no voo das borboletas                                                                                      (Manoel de Barros) Era dia quando o trio dos pássaros me tomou de agudo e como alma saída do corpo levantei-me, galos, cachorros, vento, fazia tempo que não os ouvia. Os pés já não pareciam mais com os das pedras que de tão espessos prendem o seu movimento.  Bebi um gole d'água em um copo que parecia um buraco empalhado. O cabide de madeira com delicadeza me estendia um dos seus nove braços, com educação segurava meus chapéus. Nas paredes da cozinha vi flores marrons, estrelas sem pontas, sol, girassol, batedeira.  A minha cozinha produz cheiro e gosto. Gosto mais do cheiro do café do que o gosto, é vida pela manhã. O banho que me cobria com um vestido morno.  Escolhi o chapéu listrado e fui trabalhar.