Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de julho 22, 2018

Ébrios

                                                                                                                                                                                    Imagem: Milo Manara                                                                                                                                                                        "Neste caminho encontra-se o tesouro  Pelo qual tantas almas estremecem;  É por aqui que tantas almas descem  Ao divino e fremente sorvedouro."  Cruz e Sousa                                                    Ébrios Mostrou os seios de mãe e natureza Deixou que seu gosto eu provasse Deixou que com firmeza pousasse E s ubimos pela proa à vagareza Destilamos cachaça contra a correnteza Alcei-lhe âncora na tempestade Como piratas ébrios sem vaidade Cambaleamos de proa e incerteza Raios e trovões inauguraram a noite Madrugada adentro, as águas, o açoite A beleza escura em pele clara Com

Calíope

"Carne opulenta, majestosa, fina,  Do sol gerada nos febris carinhos,  Há músicas, há cânticos, há vinhos  Na tua estranha boca sulferina ." Crus e Sousa Engendra a substância de tua bela voz Lendo seu poema épico da batalha Donde os Titãs jogados à fornalha Do poder divino. Oh! Força algoz Ornada de grinalda comtempla a sós Do monte parnaso inspira-se e talha Na tabuleta com seu brunil não falha Em remanescer à poesia uma foz Jorrando a paixão do Deus Apolo Entre suas vestes dois filhos amaram Mas Eagro, talvez mais obtuso Deu-te ao ventre as notas de seu falo Um Orfeu aventurado cantaram À jovem Calíope seu ar majestoso

Noite fria

                                                                      Imagem: Autor desconhecido                                                           " Musa eu sou seu museu aberto pra visitação" Chico A noite fria ensina de marasmo a pensar. Ficar parado esperando o véu meio azul-escuro, meio preto, descer à temperatura do sol e o céu ir fininho de lado como uma concha dormindo depois de foder. O fel desenrolado debaixo dos corpos em chamas sem fumaça, sem brasa. O véu por debaixo da cama, caído como os demônios, como a decência, que se foda! Caído como a consciência. No escuro quando as roupas e a lucidez não fazem sentido ninguém quer a visão de volta, a audição do corpo molhado por dentro e por fora, as bocas se pegando, pegando as tetas, babando o colo, comendo o pescoço, famintas! Quando a rua se cala, a lua se despe, o vento assobia lá fora, gatos safados descem bêbados do telhado no quarto, no chão, no sofá, em cio. Na agonia de se engalfin

Enseada

                                                                                                                                                           Imagem: Pablo Gallo "exagerado! jogado aos seus pés com mil rosas roubadas exagerado! Cazuza Um dia fui poeta No outro as coisas Dias dentro de dias Coisas dentro de poeta Enseada dentro da terra A terra desaguando na enseada Tocando as beiras rosadas de areia e pés É como se a enseada esperasse Eternamente O calor da cidade por sobre seu corpo De repente A agonia monstruosa do tsunami Feito bicho e gente Terrenos Fecundos Exagerados