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Mostrando postagens de 2015

Palavra

Palavra por palavra ia-se compondo num caderno: Bons sons pinturas casacos laços Enchia-se na imensidão do nada Preenchia esse vazio um poeta Eram tudo coisa Coisas recicladas do poeta Com coisas se inventa O estado das palavras sem conexões apenas inerte Da ao poeta poder de criar Uma lata antes de tudo é uma lata, antes de ser poluição capitalismo perigoso O poeta detecta as mentiras para não repeti-las em declamações A palavra comprova a mentira Sacramento de poesia

Poesia

Traço Simples traço Quer ser palavra Cansado de carregá-la Quer ser frase Ouvidos gastos de berros Quer ser o verbo Traços em Palavras Justificado Pobre justificado Cansaste de enquadrar palavras Quer ser o suspiro Pelego de amarrar ideias Quer ser a loucura Encaixotado por medir o espaço Quer ser livre no ar Justificado em Palavras Realidade Imaginária realidade Sôfrega de moral Quer ser libertina Apática de verdades quer ser a sem-razão Amarrada aos homens Que ser em si paraíso Realidade em Palavras Até que um dia o homem estéril Também fartou-se Escolheu um branco sem margem e fez-se poesia

Começo

O Nascer e o morrer são períodos para a fé caminhos que guardam crenças histórias crianças guerras a importância do primeiro lápis iguala-se ao nascer importância de morte à primeira poesia nascer e morrer são estados poéticos? triste poesia que ficar comparada a estatutos e crenças o nascer e o morrer são começo da realidade começo da poesia

Saudade

Saudade é porta aberta estendida Vosso espelho sois memórias Entrando a visão descomedida Lembreis perfídias escórias Semblantes e mazelas reluzem Entre breves seres amórficos Sofrem os tormentos que produzem Alguns sabores catastróficos  Embute os pensamentos em fraqueza Esfera presa, cansaço, enfados Apresenta uma colcha de retardos Que esperança essa sem clareza Distância dada pelo passado Que no retalho sofre prismado

Dentro da Loucura

Homem navegado por lamúrias Assombra essa noite em passos vagos Deleitando sombras, viste amargos Conjugá-lo sobejo de penúrias  Ser puro em contínuos, contempla Apenas o sol que fere as retinas No terror que o amor cobre em propinas  A vida lhe consome emblema Mas como cáustico é amor em fulguras Sabendo das noites que em ternuras renasce um coração duro, madeiro Entre voltas cargas que a secura Distingue breve dentro da loucura Sobre meu peito teu paradeiro 

Futebol de Domingo

Mai s um domingo ensolarado e a perspectiva de praia sobrepujava diante da opção de lavar os pratos. Assim retirava-me com fervor a um coletivo composto de guerreiros alegres, sambão, surdo, cantorias orquestrada sem maestro, alias o maestro ali era metafísico, a orquestra era regida pela esperança de tocar o mais depressa as areias. No instante em que desci em um dos terminais me identifiquei com um assunto que poderia ser matéria de minha cr ô nica, quando me atrevi a buscar informações peculiares sobre qual ônibus seria viável em meu destino, fui recebido por um rosto de exaustão cuja informação saia-lhe à boca de mal grado. Até entendo, pois quem em um domingo tão glorioso quer ser profissional. Mas esses assuntos eu deixo para cientistas sociais, filósofos existenciais, políticos, materialistas e afins. Eu precisava de poesia, queria ser descoberto por ela e sabia que a praia seria o escritório mais que útil. Uma das virtudes da praia é de fornecer um vasto território futebo

Aquela Rua

Aquela rua de curva acotovelada donde havia sombras para as duas calçadas, neste meu tempo não refugiam mais pessoas. Os homens se enfurnaram em suas casas e de lá apenas saem as missas e trabalhos. As crianças que doutros tempos saboreavam a delicia de um sol para empinar pipas, agora refrigeram-se em seus compartimentos de solidões e abestam-se tão de repente por inoculadas notícias atentadoras. Ó, tu eras uma rua gigantesca com de dimensões de paixões, sobrados de conversas, Bons dias, boas tardes. " Lá vem Jacó de sua pescaria"; "Alcebiades da casa de sua amante" e Tereza a estender as fragrâncias das vestes no varal. Agora aquela rua de maestria clássica já não cabem mais pessoas, apenas passam carros em horas distintas. Os humanos dali presentes agora se desconfiam, não se conhecem, não se mutuam, não entreolham-se. Olhar ao vizinho é sinônimo de afronta ao particular, tem de ser notório, direto e com lucros e bonécias para se envolverem em uma trama