Mais
um domingo ensolarado e a perspectiva de praia sobrepujava diante da
opção de lavar os pratos. Assim retirava-me com fervor a um coletivo
composto de guerreiros alegres, sambão, surdo, cantorias orquestrada
sem maestro, alias o maestro ali era metafísico, a orquestra era
regida pela esperança de tocar o mais depressa as areias.
No
instante em que desci em um dos terminais me identifiquei com um
assunto que poderia ser matéria de minha crônica,
quando me atrevi a buscar informações peculiares sobre qual ônibus
seria viável em meu destino, fui recebido por um rosto de exaustão
cuja informação saia-lhe à boca de mal grado. Até
entendo, pois quem em um domingo tão glorioso quer ser profissional.
Mas esses assuntos eu deixo para cientistas sociais, filósofos
existenciais, políticos, materialistas e afins.
Eu precisava de poesia, queria ser descoberto por ela e sabia que a praia seria o escritório mais que útil.
Uma das virtudes da praia é de fornecer um vasto território futebolístico. Ótimo, pois assim, deparo-me de repente com uma pedala das boas, daquelas de suar e ficar exausto, mas não como quem trabalha pra dar informações em um domingo, mas cansado de alegria mesmo.
Eu precisava de poesia, queria ser descoberto por ela e sabia que a praia seria o escritório mais que útil.
Uma das virtudes da praia é de fornecer um vasto território futebolístico. Ótimo, pois assim, deparo-me de repente com uma pedala das boas, daquelas de suar e ficar exausto, mas não como quem trabalha pra dar informações em um domingo, mas cansado de alegria mesmo.
Pudera
eu ser dotado de alguns atributos e intimidades com a bola, mas isso
passa muito longe. Deus preferiu que eu fosse pequeno, magro e de
nome Humberto. To mais pra roceiro que pra um Ganso, mas não
importa, faço coro no babá, completo time, luto, brigo, dou
assistências e até faço gols. Seria demias também exigir de um
não profissional, que fosse um ótimo jogador de desequilibrar
partidas. Talvez de envolvesse dinheiro eu poria minhas chuteiras,
meião, caneleira, camisa do flamengo, cortasse o cabelo, ajeitasse a
barba, tirasse selfie, mas ai já é demais. Tudo pela diversão, sem
contra versões, nada além de futebol- não como aqueles que dão
informações num domingo tão divertido.
Talvez
se eu nascesse na Suécia seria um banqueiro, se surgisse na China
poderia ser um monstro da robótica, nos Estados Unidos da América
poderia criar uma síndrome anti-árabe. Mas graças ao bom Deus pude
ser brasileiro e deixar de lado todo profissionalismo do mundo no
dia de domingo.
Se
Deus fosse homem seria brasileiro, com certeza. Só brasileiro possui
um jeitinho pra tudo, talves não fracassasse com sua
criação se desde os primórdios adotasse a conduta do bom malandro,
se o futebol fosse engessado na grade curricular das escolas, se no
manual de boas condutas ao invés de sentar-se a mesa com postura
verticalada sem por cotovelos à mesa, com cara de sério de quem faz
da comida uma espécie de rezas e por fim aprova com um aceno de
cabeça e um
apertar de dedos o homem pudesse sentar-se na grama, apoiar os braços
nas coxas e rir até se acabar depois abrassarem-se e dai começarem
a traçar as linhas adversárias.
O futebol já era praticado pelos anjos. Tenho a impressão que foi em uma disputa de futebol que Satanás e Deus se desentenderam, pois Satã é malandro e quis passar a perna nos manés, deve ter inventado a caneta. Ao todo poderoso não lhe agrada olés. Extinguiu o Dêmo do clube profissional, agora vive a vagar sem carreira, desprezado pelas maiorias. Deus também extinguiu o futebol, mas os ingleses tediosos e sedentos pelo poder encontraram uma bola perdida, algum invento maravilhoso depois da revolução industrial estava sendo arquitetado, era a bola. Mas os ingleses queriam o profissional, a técnica unilateral, firme, de cruzamentos, chutões e cabeceios. Porém o brasileiro de tudo faz gingado, o molejo próprio para tantos infortúnios e sofrimentos, olhou a bola de primeira e ali percebeu como carrega-la com carinho, como bater sem machucar, como coloca-la ao gol em quietude e primazia de um anjo.
O futebol já era praticado pelos anjos. Tenho a impressão que foi em uma disputa de futebol que Satanás e Deus se desentenderam, pois Satã é malandro e quis passar a perna nos manés, deve ter inventado a caneta. Ao todo poderoso não lhe agrada olés. Extinguiu o Dêmo do clube profissional, agora vive a vagar sem carreira, desprezado pelas maiorias. Deus também extinguiu o futebol, mas os ingleses tediosos e sedentos pelo poder encontraram uma bola perdida, algum invento maravilhoso depois da revolução industrial estava sendo arquitetado, era a bola. Mas os ingleses queriam o profissional, a técnica unilateral, firme, de cruzamentos, chutões e cabeceios. Porém o brasileiro de tudo faz gingado, o molejo próprio para tantos infortúnios e sofrimentos, olhou a bola de primeira e ali percebeu como carrega-la com carinho, como bater sem machucar, como coloca-la ao gol em quietude e primazia de um anjo.
Bem,
como diria Rubem da Foncesa : "O homem do Brasil entra na
história com um elemento inédito, revolucionário e criador: a
molecagem".
Do tempo da invenção do futebol, passando pelo mestre Didi, o revolucionário, até o meu domingo, a bola é a mesma em todos os cantos, mas o prazer na malandragem é exclusivo do brasileiro.
Foi
assim que a poesia pode me encontrar.
Do tempo da invenção do futebol, passando pelo mestre Didi, o revolucionário, até o meu domingo, a bola é a mesma em todos os cantos, mas o prazer na malandragem é exclusivo do brasileiro.
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