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Suplício da lama

O riso

    conciso
contido

na muda da planta
que muda nasce
                renasce
na terra lavada
     que erra
e chora na guerra

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O Par

Uma mulher poente ao sol que ilumina seu dançar. Um homem que se alicerça como uma lua refletindo seu brilho inexorável, levemente sopra suas mãos pareando os movimentos da donzela, agudamente remete-se a aparar em rodopios a luz da rainha dos condenados amortecida pelo servo sem cor, ajoelhado-estático-esférico pilar suplantando na ausência do ser reticências que não explicam, glorificam a mundana que estremece os astros. Como se o tambor e a flauta entoassem cantigas de ninar, suavemente em seu doço tomando conta da plasticidade de um vago caminho que a bailarina tem seu dever de preenchê-lo com vento e luz sombra e cheiro. Na dança nunca indagado por quão forte seja o homem não se reprime em deixar a mulher tomar conta do espetáculo pela leveza duma quimera, o guiso da natureza, as chamas de uma tocha, imponente ser encantador de templos, majestosa AVE de ser, implacável senhora do destino. Na dança saber quão fraco és o homem pelo sexo que o atrai , no ronco do espírito maje

Ao Poeta Maldito - N° 666

Na companhia de fantasmas  Que te aconselham ao mal Bafore nuvens de desgosto  Não espero nem desejo que se cure, poeta Pois as feridas abertas na América Latina  Transformam esse grande hospital da vida  Em um manicômio incurável  Por isso, encha as veias de veneno com uma seringa de pitu E trepe na Luz mórbida das estrelas como os gatos  E vire as latas em bêbadas noites  Charfurde o lixo como os porcos citadinos  Seja sempre esse enfermo  Sem fama alguma em hospital particular   Definhe, porque a carne podre que definha é a vida que a cada gole corroeu Ame, nunca a mesma. Não cometa mais esse erro Coma as pestilentas, as infames, As alcoólatras que dão porres pesados de poemas, papéis vomitados de ressacas, voltas pela cidade fumacenta, deixando os rastros imundos das feridas Não se cure, poeta Tu és um cão do Sul que veio se queimar nos trópicos  Sentir a pátria te bater e te cuspir na cara  Assim como as bucetas que te bateram e cuspiram  Fume o ópio e cheire o incenso  Medite no

Calíope

"Carne opulenta, majestosa, fina,  Do sol gerada nos febris carinhos,  Há músicas, há cânticos, há vinhos  Na tua estranha boca sulferina ." Crus e Sousa Engendra a substância de tua bela voz Lendo seu poema épico da batalha Donde os Titãs jogados à fornalha Do poder divino. Oh! Força algoz Ornada de grinalda comtempla a sós Do monte parnaso inspira-se e talha Na tabuleta com seu brunil não falha Em remanescer à poesia uma foz Jorrando a paixão do Deus Apolo Entre suas vestes dois filhos amaram Mas Eagro, talvez mais obtuso Deu-te ao ventre as notas de seu falo Um Orfeu aventurado cantaram À jovem Calíope seu ar majestoso

Transcende

Imagem: Caspar David Friedrich, de 1822.                                                                                                             Existe prazer na matas densas Existe êxtase na costa deserta Existe convivência sem que haja intromissão no mar profundo e música em seu ruído. Ao homem não amo pouco, porém muito a natureza                                                                                                                                                                                             Lord Byron Quero ser parte da relva Desconhecido pela brisa que passa Ser parte do mar e navegar profundo Constante como o vento de todas as estações Aquele que roda o mundo Diminui o ritmo para ver a chegada do verão Passeia na neve do inverno sem tremer de frio Permeia ruas barulhentas sem se incomodar Quero ser como o voo azul das aves Pintando de aquarela um lago luminoso O brilho que soa orquestra Uma árvore que dá balanços

Ofício

  O ofício de coisas é se permitir fingir absolutamente até o fim Como numa fotografia que às vezes revela coisas que não são como num poema que diz coisas que às vezes não estavam ditas Como os caminhos das sombras das árvores por onde mendigos passaram despercebidos no parque E as fezes de ratos e pombas que outrora povoaram a praça  Roland Barthes dizia que a fotografia é como a morte – um momento que nunca mais voltará a ser; o registro Flores e rosas multicolores que no outono despendem à morte Ah! mas como é Bela uma fotografia das flores ali no chão estando defuntas Para nós que apenas passamos depressa Ou fazemos pose de turista Para nós que apenas vemos uma fotografia e a guardamos Para nós que Lemos um poema, tudo ali é Belo  No enquadramento da foto; nos estreitos do poema, às vezes o ofício da natureza é parecer maior que as grandes construções Final alternativo:  No enquadramento da foto; nos estreitos do poema, às vezes o ofício da natureza é parecer maior que as grandes