Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2021

Estradas noturnas te dão o blues

Estradas noturnas te dão blues Sabe aquelas casas que ficam sozinhas nas estradas? Algumas com as luzes acesas? Há algo de blues nelas. Pensei nisso e também em como não temos um estilo musical somente triste. Temos os que falam de amor, mas nunca de toda a filosofia da vida simples e sofrida Aquelas casas nas beiras de estradas são tão solitárias que passamos e as vezes nem as percebemos. As luzes acesas quando a noite cai são contrastes com a penumbra do caminho que parece um buraco sem fim, um túnel que passa o tempo enquanto não amanhece.  Pelas janelas dos ônibus se veem esses casebres por que uma luz pequena os cobre como um vestido de boneca. Lá estão cadeiras velhas na varanda, as portas às vezes fechadas, um cachorro deitado sem se incomodar com o barulho daquele monte de ferro motorizado.  As casas solitárias tem um ar de blues. Exalam solidão e até mesmo tempos difíceis, quando de tão velhas; além de suas cadeiras, estão em estado de caducidade, os cachorros magros e cabisba

Ofício

  O ofício de coisas é se permitir fingir absolutamente até o fim Como numa fotografia que às vezes revela coisas que não são como num poema que diz coisas que às vezes não estavam ditas Como os caminhos das sombras das árvores por onde mendigos passaram despercebidos no parque E as fezes de ratos e pombas que outrora povoaram a praça  Roland Barthes dizia que a fotografia é como a morte – um momento que nunca mais voltará a ser; o registro Flores e rosas multicolores que no outono despendem à morte Ah! mas como é Bela uma fotografia das flores ali no chão estando defuntas Para nós que apenas passamos depressa Ou fazemos pose de turista Para nós que apenas vemos uma fotografia e a guardamos Para nós que Lemos um poema, tudo ali é Belo  No enquadramento da foto; nos estreitos do poema, às vezes o ofício da natureza é parecer maior que as grandes construções Final alternativo:  No enquadramento da foto; nos estreitos do poema, às vezes o ofício da natureza é parecer maior que as grandes

Ao Poeta Maldito - N° 666

Na companhia de fantasmas  Que te aconselham ao mal Bafore nuvens de desgosto  Não espero nem desejo que se cure, poeta Pois as feridas abertas na América Latina  Transformam esse grande hospital da vida  Em um manicômio incurável  Por isso, encha as veias de veneno com uma seringa de pitu E trepe na Luz mórbida das estrelas como os gatos  E vire as latas em bêbadas noites  Charfurde o lixo como os porcos citadinos  Seja sempre esse enfermo  Sem fama alguma em hospital particular   Definhe, porque a carne podre que definha é a vida que a cada gole corroeu Ame, nunca a mesma. Não cometa mais esse erro Coma as pestilentas, as infames, As alcoólatras que dão porres pesados de poemas, papéis vomitados de ressacas, voltas pela cidade fumacenta, deixando os rastros imundos das feridas Não se cure, poeta Tu és um cão do Sul que veio se queimar nos trópicos  Sentir a pátria te bater e te cuspir na cara  Assim como as bucetas que te bateram e cuspiram  Fume o ópio e cheire o incenso  Medite no