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Silenciado Part. 2



calado
entalado
nasci aos berros
não consigo gritar
minha boca amarrada
presa
cravada
O grito de tesão
O grito de dor
O grito de euforia
O grito de nascimento
O grito de morte
quieto permaneço
calado
confiscado
amarrado
cabisbaixo retorno na manha
algo comprime o peito
O grito que não estoura
A prisão da força
condenação do orgulho
estou desnudo
desumano
enganado
A mentira
A alma matada
sem vida a arma amada se prontifica ao esquecimento
nascemos gritando e morremos sufocados

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Imagem: Caspar David Friedrich, de 1822.                                                                                                             Existe prazer na matas densas Existe êxtase na costa deserta Existe convivência sem que haja intromissão no mar profundo e música em seu ruído. Ao homem não amo pouco, porém muito a natureza                                                                                                                                                                                             Lord Byron Quero ser parte da relva Desconhecido pela brisa que passa Ser parte do mar e navegar profundo Constante como o vento de todas as estações Aquele que roda o mundo Diminui o ritmo para ver a chegada do verão Passeia na neve do inverno sem tremer de frio Permeia ruas barulhentas sem se incomodar Quero ser como o voo azul das aves Pintando de aquarela um lago luminoso O brilho que soa orquestra Uma árvore que dá balanços

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