A escrita encontra a palavra no meio do caminho,
como em toda relação elas brigam, xingam-se, maltratam-se, separam-se...
na labuta da perfeição.
palavras que desistiram, frases cortadas, o dito não, o talvez
a poesia sem momento
sem tamanho ou talento
poesia sem fome
não cair em armadilhas de vãos diálogos
olhar para o abstrato das coisas,
Amar rio
desenhar na folha o comprimento da sua imaginação, com palavras pequenas como portas - que abrem um mundo, uma casa, uma história; ou palavras grandes como centopeia - que cem pernas tem mais que leão
pausa
o poeta precisa ser forte.
precisa sorrir porque é um bobo que nunca chegara à perfeição.
Muito bom! Gosto da escrita que é autorreflexiva! Penso que não há mal nenhum em um certo egoísmo da escrita: quando ela para, pondera e pensa em si mesma.
ResponderExcluirVejo que tem pensado muito na composição, é o seu amadurecimento como escritor.
Notei também a influência de um certo Seu Manoel que tens andado a carregar debaixo do braço. Até "Amar" eras tu. Foste tu que levou o leitor até a margem. Mas a partir do "rio", foi Manoel quem conduziu, ainda que indiretamente.
Da margem pra lá o poema se alarga semanticamente como quem procura uma foz... (Nobre metáfora a da centopeia e do leão!!!) Há pausa no encontro das águas!
Enfim, mar aberto: "precisa sorrir porque é um bobo que nunca chegará à perfeição"!