Abraçava um mundo que não era só meu, fazia da dança
dionisíaca a arte suprema regozijando, revitalizando-me na ultima gota de
leite sagrado. Quebrava-me em cacos e revirava-me em pó. Não me sentia, nem doía -um
nirvana anda luz. Emérito das sagradas escrituras dos cânticos dos cânticos. Abençoei
as ninfas aprendizes no sufoco idolatra dos meus braços em suas iniciações,
elevei as senhoras mais cativas de desejos antepassados, apanhei pelas mãos
donzelas perdidas a meio caminho da iluminação, trabalhei junto a pedantes em
carinhos espirituais, elevações noturnas, viagens astrais donde podia ver-me no
trabalho árduo da lapidação do ser. Lia noites afins de evangelhos em corpos e olhares fulgurantes quando nascia a chama da vida em retorno ao presente. Era não perder a sanidade o mais difícil dos trabalhos. Mais forte o desejo de salvar a
humanidade de seu fatídico tédio, que preferia ver nos sorrisos finos e mordidos
a agonia de seus suspiros em força gradua, vezes animal vezes imortal.
Imagem: Caspar David Friedrich, de 1822. Existe prazer na matas densas Existe êxtase na costa deserta Existe convivência sem que haja intromissão no mar profundo e música em seu ruído. Ao homem não amo pouco, porém muito a natureza Lord Byron Quero ser parte da relva Desconhecido pela brisa que passa Ser parte do mar e navegar profundo Constante como o vento de todas as estações Aquele que roda o mundo Diminui o ritmo para ver a chegada do verão Passeia na neve do inverno sem tremer de frio Permeia ruas barulhentas sem se incomodar Quero ser como o voo azul das aves Pintando de aquarela um lago luminoso O brilho que soa orquestra Uma árvore que dá balanços
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