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Encontros


                                                                                                        A todos os reencontros - dos cabelos e olhares.

Cometendo deslizes loucos nas alturas das nuvens. Beijos fortes e sedentos de desejos uns nos outros escalando a espera dos corpos nus e molhados de suor e fome, como um cão medroso babando por refúgio. Sentados debaixo de orgásticas madrugadas à espera. Vários anos depois duma só vez sentidos e calados, soltos, ouvidos, tocados. O medo que se fez na carne e penetrar em você agora é o frio na barriga mais gostoso. Sentindo o calor interno e o coração batendo no meu coração. Suas costas lavadas e gratas do corpo que te pesa tesão em cima. Sua profana, cara! safada, olhos abertos, semifechando, fechados, transmite na mordida da boca o abafo do grito que quer soltar (mas não pode). O tempo é pouco até termos que nos esconder e fingir como a poesia que resvala dos nossos olhares o que os pensamentos insanos querem perpetrar novamente e se apertam, se reprimem, se prendem um na imagem do outro, mas não se comem, se contém, se consomem.

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Imagem: Caspar David Friedrich, de 1822.                                                                                                             Existe prazer na matas densas Existe êxtase na costa deserta Existe convivência sem que haja intromissão no mar profundo e música em seu ruído. Ao homem não amo pouco, porém muito a natureza                                                                                                                                                                                             Lord Byron Quero ser parte da relva Desconhecido pela brisa que passa Ser parte do mar e navegar profundo Constante como o vento de todas as estações Aquele que roda o mundo Diminui o ritmo para ver a chegada do verão Passeia na neve do inverno sem tremer de frio Permeia ruas barulhentas sem se incomodar Quero ser como o voo azul das aves Pintando de aquarela um lago luminoso O brilho que soa orquestra Uma árvore que dá balanços

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